quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Efetividade de classes de ativos em proteger contra riscos

(The Effectiveness of Asset Classes in Hedgind Risk)
Luis Garcia-Feijoo, Gerald R. Jensen e Robert R. Johnson.
Journal of Portfolio Management. Primavera. 2012.

O artigo de Garcia-Feijoo e colaboradores analisa a efetividade de classes de diversos ativos em proteger a carteira de Investimentos contra flutuações do mercado, quedas extremas e inflação.

Foram analisados e comparadas diversas classes de ativos, incluindo: Ações americanas (carteira ponderada por valor da CRSP), títulos de renda fixa americanos (Barclays Capital U.S. Aggregate Bond Index), imóveis americanos (FTSE/NAREIT), ações de países estrangeiros (MSCI), ações de países desenvolvidos (EAFE), commodities (S&P GSCI e suas subdivisões), ouro e letras do tesouro americano de três meses (representando ativos de money market). O período de análise é 1970-2010.

Nas estatísticas descritivas, ações de mercados emergentes possuem o maior retorno médio (1,35% a.m.), commodities energéticas o maior desvio-padrão (9,25% mensalizado) e também o pior desempenho nos 5% piores meses (-13,15%). Analisando as correlações, ações possuem alta correlação com ações estrangeiras (de países emergentes ou desenvolvidos), que se elevou na segunda metade do período. O potencial de diversificação de commodities é melhor, a maioria não tendo correlação estatisticamente diferente de zero, exceto metais, com uma correlação de 0,27. Como aconteceu com ações estrangeiras, a correlação com commodities aumenta no segundo período. Imóveis possuem uma correlação elevada, diferente de ouro e títulos de renda fixa. Analisando as correlações com títulos de renda fixa, não há nenhuma classe de ativo altamente correlacionada.

A próxima questão é quanto à proteção contra retornos extremos (5% melhores ou piores) no mercado acionário ou de renda fixa. A análise é feita com uma regressão entre os retornos das ações/renda fixa com os retornos de cada classe de ativo (analisadas individualmente), mais duas variáveis dummy com valor 1 caso as ações/renda fixa estejam no pior ou melhor momento. O ideal é que o coeficiente associada à dummy para a hipótese das ações estarem com o pior desempenho seja positivo, ou seja, quando as ações ou títulos de renda fixa estejam se desvalorizando mais, o ativo alternativo tenha retornos positivos para compensar as perdas. Para ações, como ocorre com movimentos de mercado em geral, ações estrangeiras não são uma boa proteção para ações americanas, caindo mais do que o esperado quando as ações têm o pior desempenho. Não há nenhuma relação significativa para as commodities, indicando que commodities, ouro e imóveis podem ao menos não piorar o desempenho da carteira no pior momento possível, quando as ações estão despencando. Imóveis, por outro lado, contribuem para perdas na carteira em momentos de mercado acionário em queda forte. Títulos de renda fixa, por outro lado, contribuem para diminuir as perdas, tendo desempenho melhor do que o esperado nos piores momentos do mercado acionário. Os resultados são confirmados com outra análise, a frequência com que a classe de ativo e as ações estão simultaneamente tendo o pior desempenho, maior para ações estrangeiras e imóveis, menor para commodities, ouro e renda fixa.

Para títulos de renda fixa, os resultados analisando apenas o comportamento nos piores momentos não são muito significativos no sentido estatístico.

Para finalizar, os autores examinaram o potencial de proteção contra inflação. Seguindo Jensen e Moorman (2010), os autores separam os períodos em inflacionários e não-inflacionários. A questão é sobre como é a correlação entre ações e renda fixa nos dois períodos. As correlações entre ações e commodities e ouro não são estatisticamente diferentes de zero ou são muito baixas durante períodos inflacionários, mas há uma correlação mais considerável em períodos não-inflacionários para metais e energia. Ações estrangeiras e imóveis possuem uma correlação alta com ações nos dois períodos. Para renda fixa, o resultado mais interessante é que há correlação modestamente negativa com metais preciosos em períodos inflacionários, e modestamente positiva quando a inflação é baixa.

Em suma, commodities, ouro e renda fixa servem como proteção contra movimentos adversos e extremos no mercado acionário. Os resultados são menos fortes para commodities metálicas (em geral) e energéticas (nos piores momentos) e são melhores durante períodos inflacionários. Para títulos de renda fixa, imóveis não são uma boa proteção, mas títulos de curto prazo e ações americanas sim.

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