terça-feira, 25 de outubro de 2011

Retornos iniciais e retorno das últimas ofertas

Prosseguindo com a série sobre os retornos no primeiro dia das ofertas públicas iniciais, trato agora da análise do impacto dos retornos iniciais das ofertas mais recentes.

Em meu TCC, utilizei como variável o retorno médio das três últimas ofertas ocorridas nos três últimos meses, a variável tendo valor zero quando não ocorreu nenhuma oferta no período. Caso mais de uma oferta ocorra no mesmo dia e a soma das ofertas supere três, considero todas. Tive o cuidado de definir essa variável de duas formas, uma com informações conhecidas até o encerramento das reservas e outra com informações disponíveis até o primeiro dia de negociações, como fiz com o volume da oferta e com a porcentagem de oferta primária. Mas, diferente do retorno do mercado antes da oferta, há um certo grau de arbitrariedade na definição dos parâmetros e não fiz testes com definições diferentes.

Na análise univariada, separando as ofertas em duas metades, aquelas precedidas com ofertas com maior retorno médio tiveram desempenho próximo de 6%, contra algo próximo de 3,30% da metade inferior, mas a diferença de médias não é estatisticamente significativa. Na análise multivariada, a variável que indica o retorno das últimas ofertas é estatisticamente significativa ao nível de 5% quando acompanhada de RET_2B (ver aqui), mas apenas ao nível de 10% quando acompanhada da variável RET_3B. Isso ocorre tanto para os modelos com dados conhecidos até o encerramento das reservas quando com dados até o primeiro dia. Uma oferta precedida por ofertas com desempenho médio (4,78%) acrescido de um desvio padrão (6,10%) tiveram retorno por volta de 2,66 pontos percentuais maior por conta dessa variável, enquanto que subtrair um desvio-padrão não tem impacto econômico significativo.

Dentre as 10 ofertas precedidas por maiores retornos iniciais, apenas duas tiveram retornos iniciais negativas (JBS, queda expressiva, e Sonae Sierra, pequena desvalorização), enquanto cinco tiveram altas expressivas (Equatorial, Arezzo, Cosan, Uol e Vivax). Analisando as ofertas que sucederam ofertas iniciais ruins, há um retorno inicial próximo de 10% (Fleury) e um retorno próximo de -10% (Cetip). Há ainda a OGX, a oferta que teve o retorno médio mais negativo das ofertas que a precederam (-10,88%, por incluir a Le Lis Blanc) e que teve alta de 8,31%. As demais desse grupo tiveram variações mais modestas. Ou seja, analisando apenas esse fator, as ofertas que ocorrem após retornos iniciais elevados sobem mais no primeiro dia, mas retornos iniciais negativos das últimas ofertas não parece ser um sinal tão negativo assim.

Nos testes de robustez, inclui a variável QUENTE, com valor 1 se houve ao menos uma oferta nos últimos três meses e 0 no caso contrário. Minha intenção era melhor avaliar as situações em que a variável assumiria valor 0 por não ter havido nenhuma oferta recentemente. É, o certo seria inverter, com valor 1 se não houve ofertas e 0 no contrário. Utilizando a variável como defini, QUENTE é insignificante. Futuramente, vou inverter os valores das variáveis e ver o resultado.

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