sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A semana (17/09-30/09)

Deixei de publicar os links e comentários na semana passada. Tinha a intenção de tratar de assuntos maiores, deixei para essa semana, mas ainda não consegui isso. Segue o texto com temas isolados.

Finanças
Renda fixa é mais rentável que a bolsa há 17 anos, diz FGV – Título ruim da reportagem, mas estudo interessante, ao menos não contaminado por viés de seleção de dados ou por peripécias para mudar a interpretação dos dados. Espera-se que as ações tenham desempenho melhor do que renda fixa, mas não há como garantir que isso ocorra sempre.

Estratégia, Gestão de Custos e Competitividade – Vídeo de uma palestra sobre gestão de custos.

Tabela Bovespa – A chamada “Tabela Bovespa” de corretagens foi oficialmente extinta pela revogação da instrução da CVM que tratava do assunto (nº 217) por meio da instrução nº 503, o que não significa que as corretoras não possam utilizá-la (poucas fazem, me parece).

Breaking up is easy to do... – Texto sobre cisões empresariais

Quanto custa um filho? Pode ser à vista? – Texto interessante, que evita erros comuns em avaliações desse tipo como utilizar valor futuro ou valores em datas diferentes (valor presente é o que importa) e considerar elementos que não são fluxos de caixa (depreciação e custo de oportunidade, por exemplo). Algumas considerações: 1) Embora seja bastante meritória a criação da pasta “Premissas”, tarefa nada fácil, a inflação poderia ter sido melhor considerada. A mesada em 2027, por exemplo, valeria R$ 23,19 considerando uma inflação de 5%, não sei se era isso o que o autor pretendia. Com a mesma inflação, a primeira mensalidade da faculdade vale R$ 504,83 a preços de hoje, o que talvez não seja suficiente hoje para pagar uma boa faculdade; 2) O autor fala que o valor presente não é o valor que aplicado na Poupança irá cobrir as despesas. Essa é uma passagem confusa. Ele usa a Selic para trazer a valor presente e depois passa a falar de Poupança. O valor presente, aplicado à mesma taxa de desconto, é exatamente suficiente para o pagamento de todas as despesas. Isso é fácil de constatar, basta a cada mês aplicar o rendimento e depois deduzir as despesas (essa é uma série postecipada; supondo que seja antecipada, basta multiplicar o valor presente por 1 mais a taxa mensal). 3) O autor compara o valor futuro do valor presente aplicando a Poupança com a soma dos fluxos de caixa. Não se deve comparar fluxos de caixa em datas diferentes. 4) Da mesma forma, alega haver um desconto com o pagamento à vista, comparando o valor presente (na data 0) com a soma dos fluxos em datas diferentes. Fora isso, não acho que haja um desconto. O valor presente (o preço à vista, nas palavras do autor) e a série de fluxos de caixa são financeiramente equivalentes. Essa é uma situação diferente de um financiamento imobiliário. Se você aplicar o preço à vista do imóvel em uma taxa de aplicação (menor do que a do financiamento), não conseguirá pagar o financiamento, por isso o pagamento à vista é mais barato. No caso do texto, se a pessoa tiver R$ 141 mil e puder aplicar à taxa Selic, estará indiferente (em termos meramente financeiros) entre “comprar à vista” e ir pagando as despesas conforme elas surjam. Se não puder aplicar à taxa Selic, precisaria escolher outra taxa. Pela Poupança, com a taxa utilizada pelo autor, o valor presente iria a R$ 240 mil. 5) Fora isso tudo, é uma avaliação interessante.

Bolsa com risco zero: uma visão sobre a aplicação em ações – Mais uma peripécia para dizer que ações não são arriscadas. Acontece que o universo de escolha das pessoas não é só consumo desnecessário ou investir na bolsa. Reduzindo consumo que não traga benefícios, o dinheiro economizado não é encarado seguindo a estratégia SDD (se der, deu). Da mesma forma, se a pessoa ganhar gratuitamente uma certa quantia, não irá ao cassino apostar, e se der para ganhar ótimo, se não der tudo bem ainda. As pessoas desejam a preservação do principal mais rentabilidade, podendo escolher investir em renda fixa, por exemplo, se acharem isso mais adequado para seus objetivos. Se a pessoa deixou de desperdiçar dinheiro, aplicou na bolsa, e as ações caíram, continua sendo uma perda, na medida em que poderia ter ganho se aplicasse na renda fixa.

Economia



A origem do excesso de autoconfiança – 1) “Como é matematicamente impossível mais da metade de uma população ser melhor que a média [...]”. Conceitualmente, é impossível mais da metade de uma população ser maior do que a mediana (mediana é o número que separa a população na metade). Claro que se houver números repetidos na mediana isso não vai acontecer, mas o que importa é o conceito. 2) “Outra consequência dessa descoberta é que modelos econômicos que se baseiam na premissa de que as decisões humanas são racionais e derivadas da capacidade humana de avaliar objetivamente a realidade não se aplicam ao Homo sapiens que habita o planeta Terra”. Há muito tempo que se estuda excesso de confiança (overconfidence) em Economia. Isso não é nem novo nem tão revolucionário. 3) Bom, ignorando isso por um instante, pelo menos esses modelos servirão para estudar homo sapiens residentes em outros planetas.



Em um dos comentários do link anterior:

Dois porcos estavam conversando. Um disse para o outro:
- Que fazenda interessante essa que a gente arranjou hein?
Eis que o outro responde:
- Pois é! Nem com a comida precisamos mais nos preocupar!

Moral da história: se você não é quem está pagando pelo serviço, provavelmente você é que é o produto...


Mantegada Semanal Hors Concours – “O estímulo monetário não custa nada”

Tweet da semana (passada)
@estadao “Só 1% quer comprar tablet e smartphone no BR: 47% querem adquirir um PC: http://migre.me/5KPie (via @link_estadao)” - Não sei se a pesquisa é confiável, mas, se for, todo o esforço do governo para reduzir o preço de tablets no Brasil é voltada para 1% da população. Não seria uma exceção...

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