segunda-feira, 27 de julho de 2009

Liderança entre os bancos

Ser líder de mercado é um objetivo supervalorizado. Frequentemente, negligencia-se o objetivo de maximizar o valor da empresa no longo prazo para perseguir outros objetivos. Liderança de mercado é um, mas poderia ser “fazer o melhor produto”, “ser a empresa mais humana” etc. Mas isso é tema para outro texto.

Sobre o setor bancário. No jornal Valor Econômico de 27/07/09, o presidente do conselho de administração do Bradesco, Lázaro Brandão, disse que “não é honesto nem ponderado dizer que vamos alcançá-los ou ultrapassá-los (Itaú-Unibanco)” no curto prazo, mas a meta é diminuir a distância entre os dois. Uma decisão, além de honesta e ponderada, sábia. Há um porém nessa dita liderança que o Bradesco tinha.

Segundo a reportagem, há quarenta anos o Bradesco foi o maior banco privado em Ativos Totais e outros critérios e desde sempre o Banco do Brasil foi o maior de todos nos mesmos termos. Porém, quando se fala em tamanho de empresas, é mais freqüente falar em Valor de Mercado das ações. Com isso, é possível comparar empresas de diferentes setores, incluindo bancos e empresas industriais. Por ativos, os bancos são maiores até do que a Petrobras, o que não significa nada. Bancos não possuem Receita Líquida e a Receita de Intermediação Financeira é muito mais influenciada pelas taxas de juros do que pela atividade dos bancos. Sob esse critério, Valor de Mercado, nem Bradesco nem Banco do Brasil têm hegemonia.

O gráfico abaixo mostra a evolução do valor de mercado dos maiores bancos brasileiros, incluindo o Unibanco antes da fusão e o Santander, que só perdeu liquidez das ações, não deixou de ser grande. Os preços são ao final de Março do ano, ou seja, depois da divulgação dos resultados anuais do ano anterior.

De 1996 até 1998, o Bradesco foi maior. O Itaú passou o Bradesco em 1999 e depois os dois se alternaram nessa liderança, Itaú sendo maior de 1999 até 2005, perdendo por margens estreitas em 2006 e 2007, e ganhando com margem estreita em 2008. Em 2009, mesmo antes da fusão se concretizar (ou seja, a base acionária do Unibanco ser absorvida pelo Itaú), o Itaú já era maior por uma diferença de R$ 6 bilhões. Esse é um cálculo pro-forma, já que exatamente em 31/03/09 houve essa mudança na base acionária. O cálculo para o Itaú foi feito usando as quantidades de antes da fusão com os preços em 31/03/09. O preço do Unibanco foi um pro-forma de como seria a conversão das ações aos preços das ações do Itaú em 31/03/09.

Essa dinâmica está presente nos lucros também, com o Lucro Líquido do Bradesco sendo maior até 1998, entre 1999 e 2005 o lucro do Itaú sendo maior, o Bradesco passando em 2006 e 2007, sendo superado em 2008. Só há uma certa defasagem, já que os valores de mercado apresentados são referentes ao ano anterior.

Porém, pelo valor do Patrimônio Líquido, Itaú sempre foi menor, a exceção de 2008, com a fusão. Antes da fusão, o Itaú era mais eficiente (em termos de Retorno sobre Patrimônio Líquido – ROE) do que o Bradesco no uso do capital (incluindo 2006 se consideramos o Lucro Ajustado), mas essa diferença foi caindo aos poucos. Em 2008, o ROE do Itaú caiu e ficou abaixo do Bradesco, pelo simples fato de ter incorporado um banco com ROE menor.

O ranking em 24/07/09 (em parênteses, a posição no ranking geral):
Itaú-Unibanco: R$126 bilhões (3º)
Bradesco: R$82 bilhões (4º)
Santander: R$ 71 bilhões (6º)
Banco do Brasil: R$ 56 bilhões (7º)

As maiores empresas são Petrobras (R$324 bilhões) e Vale (R$186 bilhões) e a quinta maior é a Ambev (R$73 bilhões). O ranking das 10 mais é completado por Itaúsa (R$ 43 bilhões), CSN (R$34 bilhões) e, veja só, OGX (R$ 33 bilhões).

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